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Vírgula com “e”

Existe uma lenda que diz que jamais existirá vírgula antes ou depois do E. No entanto, como todas as lendas, tem uma boa dose de ficção nessa afirmação. Muita gente pergunta se pode ter vírgula antes do E, se ela é proibida e outras confusões! Primeiramente, antes de pensarmos na vírgula antes do E, acho importante relembrar que na língua portuguesa existe a ordem direta da escrita (sujeito + verbo + complemento). No entanto, podemos usar a ordem indireta também. Quando isso acontece, as vírgulas aparecem. Vejam o exemplo:

Acordei muito tarde e perdi a aula de dança por conta disso.

Há duas sentenças nessa frase: “Acordei muito tarde” + “perdi a aula de dança por conta disso”. As duas estão na ordem direta. No entanto, o que acontece se colocamos a expressão “por conta disso” fora da ordem (na ordem indireta)? As vírgulas vão ter que dar o ar da graça!

Acordei muito tarde e, por conta disso, perdi a aula de dança.

Ou seja, toda vez que usarmos ordem indireta e surgirem expressões intercaladas na ordem da frase, as vírgulas serão obrigatórias, independente se estiver no meio do caminho um E. 

Outro erro comum é achar que nunca pode haver vírgula antes do E. Ledo engano! Se houver duas frases unidas pelo E e elas tivere, sujeitos diferentes, a vírgula antes do E será obrigatória. Veja o exemplo:

A mulher abandonou o carro e o marido teve que ir resgatar o automóvel no meio da estrada.

Se não usarmos a vírgula antes do E, parece que a mulher abandonou o carro + o marido, informação incorreta segundo a frase indicada. “A mulher” é o sujeito da primeira oração e “o marido” é o sujeito da segunda oração, portanto TEM que colocar vírgula antes do E para não haver confusão. Portanto, a frase correta seria grafada assim:

A mulher abandonou o carro, e o marido teve que ir resgatar o automóvel no meio da estrada.

Uso de ponto e vírgula

Muita gente deixa de usar ponto e vírgula pelo simples fato de não saber como e onde utilizá-lo. O uso mais evidente é em listas, muito comuns em materiais publicitários e documentos legislativos, como no exemplo abaixo:

“Art. 2o  A assistência social tem por objetivos:

I – a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de danos e à prevenção da incidência de riscos, especialmente: 

a) a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;  

b) o amparo às crianças e aos adolescentes carentes;

(…)”

Mas há outro uso, dentro do texto corrido, que mais gera dúvida. A primeira questão importante é entender que o ponto e vírgula separa sempre duas orações completas, ou seja, duas frases com verbo e até com vírgulas internas. Também entendemos por orações completas aquelas que, isoladas, encerram uma ideia lógica. Veja os exemplos:

  1. Não esperava outra coisa; afinal, eu já havia sido avisado.

Percebam como as frases “não esperava outra coisa” e “afinal, eu já havia sido avisado” são frases compreensíveis se estivessem sozinhas em um texto, mas que se complementam quando colocadas lado a lado. Essa é uma das principais funções do ponto e vírgula: unir duas orações que se complementam.

  1. Os jogadores de futebol olímpico, com razão, reclamaram das constantes críticas do técnico; porém, o teimoso técnico ficou completamente indiferente aos apelos dos atletas.

No exemplo 2, também acontece essa ideia de complementaridade, mas há ainda outro ponto importante: as frases que se unem nesse período já têm uma pontuação particular, o que causaria confusão na leitura e geraria um período longo demais, com muitas vírgulas, se não usássemos o ponto e vírgula para separar as duas orações complementares. 

Vale ressaltar que no exemplo 2 era perfeitamente possível usar um ponto fi

Pegar ou pegado?

O verbo PEGAR é classificado como abundante pelas gramáticas, ou seja, tem duas para o particípio – PEGO e PEGADO. Portanto, o particípio de PEGAR é usado normalmente com os verbos TER e HAVER, como na frase seguinte: “O camisa 20 do Timão, que quase não tinha pegado na bola, foi até o banco e pediu para sair”. Já a forma PEGO é usada com os verbos SER e ESTAR – “Ele foi pego em flagrante”. 

Importante ressaltar que você não vai encontrar unanimidade nessa questão. Nos Manuais de Redação da Folha de São Paulo e do Estado de São Paulo, o uso do PEGO é recomendado com os verbos ser e estar, como abundante. Na gramática do Pasquale, no entanto, ele explicita: “Pegar apresenta apenas o particípio regular: pegado”. Já na gramática do Domingos Cegalla, PEGAR aparece como verbo abundante! 

Com tantas opiniões diferentes, podemos considerar correto o uso da forma PEGO, já que ela aparece em dicionários e em boa parte da mídia, o que significa que seu uso já foi consagrado pela linguagem popular ou informal.

Em vez de X ao invés de

Hoje, a dúvida é sobre o uso do em vez de e do ao invés de. Apesar de serem bastante parecidas, as expressões não significam a mesma coisa. Quando usamos em vez de, temos a intenção de indicar uma substituição: “Ele dormiu em vez de estudar”. Claramente, as ideias se substituem. Já no uso do ao invés de, a expressão vem da palavra inverso, contrário. Quando utilizada, então, indica a ideia de contrariedade, conceitos opostos. Veja o exemplo:  “Ao contrário do que indicou a meteorologia, hoje esquentou ao invés de esfriar”. Importante ressaltar que a expressão ao invés de só pode ser utilizada com binômios contrários, como cair/levantar, nascer/morrer/ esquentar/esfriar etc.

Concordância Verbal – sujeito formado por várias palavras

Olá, hoje vamos falar de concordância verbal. Veja a frase: “E traz novidades de sucesso que multiplicaram suas vendas”. Quando escrevemos uma frase em que o sujeito é formado por mais de duas palavras (no caso, novidades de sucesso), surge um certo desconforto quando a palavra mais próxima do verbo está no singular e o próprio verbo vai para o plural – como é o caso da frase do exemplo, que está certa! 

Nossa intuição – que muitas vezes nos engana – faz com que concordemos o verbo com a palavra mais próxima, ou seja, com a ideia do singular. No entanto, temos que sempre estar atentos à palavra que é o núcleo do sujeito. Na frase acima, o núcleo é novidades. O complemento de sucesso é apenas adjunto adnominal, ou seja, um adendo à informação principal, mas que não se caracteriza como a parte mais importante da mensagem. Portanto, ao pensar na concordância, pense sempre no núcleo do sujeito, pois é ele que vai deixar o verbo no singular ou levá-lo ao plural.

O primeiro passo para a boa argumentação

Com a internet, tornou-se muito mais fácil ficar ligado em tudo, absolutamente tudo, que acontece perto e longe da gente. E uma das questões que mais incomodam quem precisa expor sua opinião ou pelo menos tê-la bem formada é como aproveitar tudo que está ao nosso alcance para termos bons argumentos e uma visão de mundo definida. 

Como saber argumentar sobre os assuntos? Como não cair no lugar comum? A palavra-chave é a informação! É essencial conhecer várias opiniões sobre o assunto – mesmo que algumas delas sejam totalmente incompatíveis com a sua! Isso significa procurar blogs especializados (que normalmente são desenvolvidos dentro de grandes portais de notícias), colunas em jornais e revistas, comentários, artigos e também editoriais (textos que abordam a opinião dos veículos de comunicação). Hoje, o que faz a diferença entre quem se informa e quem não se informa é a capacidade que você tem de ouvir várias opiniões diferentes e construir a sua. Só assim é possível argumentar com propriedade sobre determinado assunto.